Monotonia

Os olhos secos abertos pra olhar sempre a mesma coisa

e fingir que acalma a mente achatada no oco do mundo

pois pulso sem o sentido de pulsar, respiro por órgãos telepáticos,

sou um robô, fascinado pelos deslizes irrelevantes da melodia

o esboço ou resquício da esperança em algo melhor do que já foi um dia

Não se rasteja para ver por cima aquilo que o autor contou

não se avança sem ficar de pé se não se aposta no que sonhou

E o que ganha da vida é resguardar,

sua casa, seu corpo, sua filha, seu homem, seu lar

Mas não ouse fazer a pergunta sem pensar

não ouse querer, saber, respirar

Adivinhe onde vamos chegar

sob qual perspectiva repetida nosso sonho infantil se renova

eu não sei em que lugar

Milena Justa
Enviado por Milena Justa em 08/02/2018
Reeditado em 22/07/2018
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