Lições poéticas do Paranoá 

Jan Muá 
31 de janeiro de 2018 


Viajo na mobilidade matricial destas águas 
que me assombram e me prendem 
na profunda poesia que me entregam 
elas vão elas vêm 
elas ondulam na grande superfície lacustre do Paranoá 
no ócio existencial que as tonifica 
deixam-se embalar pelos ventos 
em sucessivas coreografias 
e cenários de mobilidade exemplar 
que caracterizam o movimento essencial 
que as tornam notórias dançarinas 
no largo espaço onde mostram personalidade e estilo 
elas têm maneira própria de abrir seu caminho 
e sua linguagem essencial a toda a hora diz 
que a vida é andar e caminhar 
de recado dado prosseguem móveis 
sob o testemunho das nuvens de chuva e das garças brancas 
simulando um tapete estendido em ritmo móvel 
enquanto os olhos 
embalados na magia metafísica do movimento 
quase se perdem na contemplação de ocultos segredos 
que a Natureza 
secretamente lhes vai entregando com parcimônia. 

Jan Muá 
Paranoá, 31 de janeiro de 2018