Vidro Cortante

Como um vidro que se parte

Diante da noite,

Espalhando seu perfume embriagante,

Para dentro dos quartos dos amantes.

As paixões jamais devolverão seus dias.

No silêncio: a redoma guarda a memória

Distante da poeira do tempo.

Dos sentimentos a se despedaçarem

Na dureza fria do chão.

Não se pisa sobre sentimento,

Sem que haja dor e corte profundo

Os dias serão outros, mas nada parece muda

Diante do que não se vê.

Porque tornar-se insensível a dor?

A incerteza, as dúvidas e erros;

Serão fardos de peso insuportável;

A distância diluirá toda dor,

O esquecimento nunca se apagará,

Porque as lembranças foram erguidas

Sobre vidros cortantes.

airton parra sobreira
Enviado por airton parra sobreira em 13/01/2018
Código do texto: T6224651
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