Vidro Cortante
Como um vidro que se parte
Diante da noite,
Espalhando seu perfume embriagante,
Para dentro dos quartos dos amantes.
As paixões jamais devolverão seus dias.
No silêncio: a redoma guarda a memória
Distante da poeira do tempo.
Dos sentimentos a se despedaçarem
Na dureza fria do chão.
Não se pisa sobre sentimento,
Sem que haja dor e corte profundo
Os dias serão outros, mas nada parece muda
Diante do que não se vê.
Porque tornar-se insensível a dor?
A incerteza, as dúvidas e erros;
Serão fardos de peso insuportável;
A distância diluirá toda dor,
O esquecimento nunca se apagará,
Porque as lembranças foram erguidas
Sobre vidros cortantes.