SILÊNCIO
Como lava,
a palavra
desce pela encosta
de meus sentimentos
e, queimando,
lança brilhos no ar
perfumado de enxofre.
Longe, o sonho resplandece
isento de qualquer medo.
Afinal,
de que dúvida se vestiria
essa natureza,que insiste
em ter mãos dadas?
No magma enterrado,
nada a palavra sedutora e nua,
tecendo absurdas rendas
retorcidas de espírito,
prometendo irromper
pelo suspiro do solo que,
enquanto espera,
cuida enfeitar-se de flores.
E tudo acontece:
Abraçando-se,
dançam
e fulgem
e lançam no ar
corpos de nuvens.
E os olhos leem a matéria farta
dos rios fluindo sentidos.