SILÊNCIO

Como lava,

a palavra

desce pela encosta

de meus sentimentos

e, queimando,

lança brilhos no ar

perfumado de enxofre.

Longe, o sonho resplandece

isento de qualquer medo.

Afinal,

de que dúvida se vestiria

essa natureza,que insiste

em ter mãos dadas?

No magma enterrado,

nada a palavra sedutora e nua,

tecendo absurdas rendas

retorcidas de espírito,

prometendo irromper

pelo suspiro do solo que,

enquanto espera,

cuida enfeitar-se de flores.

E tudo acontece:

Abraçando-se,

dançam

e fulgem

e lançam no ar

corpos de nuvens.

E os olhos leem a matéria farta

dos rios fluindo sentidos.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 08/01/2018
Reeditado em 19/06/2020
Código do texto: T6220719
Classificação de conteúdo: seguro