OCASO

Coisa estranha o fim da tarde!

Agora, demorada,

a noite se enfeita de recusa.

"Não me farei", diz esnobe.

"Adie seus sonhos noturnos

para quando eu vier,

se vier eu, escura e misteriosa."

Não me curvo

e encaro a luz estrangeira da hora

inebriante de nada.

Se houver estrela,

darei de ombros.

Se houver murmúrio,

farei ouvidos moucos.

E esperarei um pouco

para gargalhar

na tarde surda

e escura.

O poder olhará, no viés,

meu sonho liso,

agudo e ferido de engano,

que espera,

indiferente,

que meu estar

nada fira.

Hei de rezar, orar,

salmos cantar,

para meu ser

encarar a linha curva,

mentirosa reta

de esperar.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 05/01/2018
Reeditado em 07/01/2018
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