Cai a noite sobre mim
( E nem mesmo vi a luz do sol durante o dia)
Aliás, há muito tempo nada vejo!
Estou á cada dia mais sombra
Mais reclusa
Mais arredia...
E mesmo assim as crisálidas revoam
Não desistem dos meus sonhos
( Eu, que a muito já desisti)
Mas as borboletas persistem
Insistem em bordar cores em mim
Em enfeitar a minha escuridão
Escavar minha esperança
soterrada, sob o chão...
Mas a melancolia é tão profunda...
Sinto-a em cada respiração
Tanta dor, tanta agonia
Imensa solidão
Dói a alma
Corrói o ser
Corta a carne
Dói, e como é imenso
esse doer...
Mas borboletas me beijam...
Declamam poemas
Brilham como a luz
Esboço um riso frio
Uma centelha de estrela
nesse desalentado universo
Talvez sejam anjos
Ou somente os versos
que insistem em dar vida à mais
uma poesia!
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