LAVADEIRA

Lavo a barra do dia.

Que tal uma manhã limpa ,

imersa no anil?

Que tal a chuva caindo,

e a rua criando os rios?

Que tal a terra bebendo

e produzindo o perfumes :

geosmina, petrichor?

Palavras dos gregos

habitando o ar de meu quintal

simples e pequeno e acanhado,

que me vê tateando a luz

desta água invasora,

absurda e criadora.

Falta o café rescendendo

no pingo,

falta o forno ,

com seu hálito

de farinha e fermento.

Então a sede e a fome me consomem.

mas tenho os olhos

e, canta Rilke:

" é demais ter dois olhos.."

E só eles fazem brotar as flores

desta coisa: Geosmina.

Petrichor que sei de cor.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 05/12/2017
Reeditado em 08/09/2018
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