LAVADEIRA
Lavo a barra do dia.
Que tal uma manhã limpa ,
imersa no anil?
Que tal a chuva caindo,
e a rua criando os rios?
Que tal a terra bebendo
e produzindo o perfumes :
geosmina, petrichor?
Palavras dos gregos
habitando o ar de meu quintal
simples e pequeno e acanhado,
que me vê tateando a luz
desta água invasora,
absurda e criadora.
Falta o café rescendendo
no pingo,
falta o forno ,
com seu hálito
de farinha e fermento.
Então a sede e a fome me consomem.
mas tenho os olhos
e, canta Rilke:
" é demais ter dois olhos.."
E só eles fazem brotar as flores
desta coisa: Geosmina.
Petrichor que sei de cor.