A COISA
Às vezes esqueço que sou uma pessoa.
Me vejo mais como uma coisa do que como uma pessoa.
Porque uma coisa não vive, existe.
Uma coisa não tem vontade própria, é manipulada e controlada por gente de verdade, com sonhos e desejos de verdade.
Uma coisa se deteriora com o tempo, mas leva eras para se decompor.
A não ser que algo extremamente destrutivo a consuma e ela se torne algo não mais que moléculas de uma coisa e venha a ser outra.
Uma coisa não tem emoções, ou parece não ter
Exceto as emoções tristes de sua existência vazia.
As vezes esqueço que sou uma pessoa,
Se não me acho uma coisa, me sinto como uma entidade
Que apenas observa o mundo, de fora.
É preciso então que eu me olhe no espelho para me lembrar quem sou.
Me lembrar que sou gente, de carne e osso
E que ainda vale a pena lutar por mim.