ÁRIDO
Este sol, este calor
invadindo a noite que não é noite,
pegam pelas mãos meu mal estar
no nicho que desenha
a realidade deste outubro.
Não há aura e meus desejos não descubro.
Ou sei deles todos na ausência mordida
de caninos falsos, teatrais,
ameaçadoramente nulos.
A tristeza paira lá.
Com ambos os braços,
queima e ampara
o corpo e a alma de quem perdeu
e recuperou a razão de ser.
Neste estar
de ser semente,
de ser flor,
de ser fruto,
A terra acolhe a vala
e cala a voz sem calor.
Mas na face do sol que brilha e queima,
Cai a chuva, choro que esquenta a voz
Que diz mais que dor,
Recita o reerguer de cantos de amor.