O tempo dos abortados
Me sinto estéreo,
Parece que nunca pari ninguém,
E mesmo isso é duvidoso,
Como um arco-íris todo negro...
Aqui nenhuma semente morre,
Aqui jaz a desolação concentrada,
E eu que pensava ser poeta,
Sou apenas uma coisa emborcada,
Ignorada, sem valentia alguma...
Meus amigos, fumem no meu funeral que se adiantou,
Eis-me morto ainda vivo,
Com todos os órgãos latejando,
Se decompondo como o tempo dos abortados...