ALAGADO

Quem está morando em seu rosto?

As dobras da vida, a luta perdida,

O doce sufoco da certeza contida?

Na tarde morta, o brilho cria vida

E o arfar anteposto ao ar silente,

Resiste ao gosto.

Venho em busca de recolher espinhos,

Ainda que poucos mas desesperados,

Limpar o caminho, criar afagos,

Dizendo, sem dizer, puro carinho,

Inundando os braços alagados

De culpa e de portais tão bem fechados.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 31/08/2017
Reeditado em 27/07/2020
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