ALAGADO
Quem está morando em seu rosto?
As dobras da vida, a luta perdida,
O doce sufoco da certeza contida?
Na tarde morta, o brilho cria vida
E o arfar anteposto ao ar silente,
Resiste ao gosto.
Venho em busca de recolher espinhos,
Ainda que poucos mas desesperados,
Limpar o caminho, criar afagos,
Dizendo, sem dizer, puro carinho,
Inundando os braços alagados
De culpa e de portais tão bem fechados.