Noite de Açores
A noite desce com um manto brando da paz.
Em frente a porta da cidade vozes nos traz
Homens de almas esbugalhadas, assustadas.
Seres que rompem o silêncio da madrugada.
Ouvem-se gritos, passos, tremores.
Correm pelas bocas histórias, desamores,
Instantes confusos, seres em transes.
Varrem as noites débeis passantes.
Noite de Açores....
Dia claro para os que da noite são senhores,
Fronteira entre o amor e o ódio, doutores.
Glamour, clamores, risos, rubores.
A cidade não dorme é aliciada.
Há uma enchente de sangue,
Muitas mãos manchadas,
Há delírios ufanos e prelúdio do nada.
A noite expele da boca os incestos,
Os latrocínios, os assassinos,
Os morcegos negros das loucas, ocas cabeças.
Crostas do sistema sem tirocínio.
Mas a noite é criança, ainda há esperança
Que desce sobre a cidade com um manto branco
A iluminar com grande liderança fazendo os demônios dormirem.