Meu cumpadre Erdo, enlouqueci,
não conte nada aqui no Recanto,
ficarão todos com espanto
só porque ando pelado,
veja só o meu estado:
tão branco feito farinha
que o povo na ladainha
chegou até a se esconder,
por este irmão aparecer
sem roupa, nessa prainha.

É verdade sim, cumpadre,
estou aqui na praia do Pinho
no teu balneário, riquinho,
cada vez mais um luxo
e como anda faceiro este gaúcho
junto a sua prenda: um balaço!,
sinto amor em seu espaço
por ela, tenho paixão
vive a aquecer meu coração
na ternura dos seus braços. 

Vim descansar na tua praia,
a ela, já fui conhecendo,
e juntos, vamos fervendo,
botando o bloco na rua:
vejo o sol e sinto a lua
em nossas noites estreladas,
tanta paz por estas paradas
a beber da natureza
com esta flor de alteza
que vive a rondar minhas pegadas. 

O namoro anda firme,
tal qual sapato de padre,
nos conhecemos em uma tarde
onde fiz uma apresentação
num programa de televisão,
ela ali, me observando
com seus zóinhos brilhando.
Disse a ela: “- Tô a fim!...”
Ela disse: ”- Vem pra mim!”
E já estamos namorando.
 
Não querendo me exibir,
ela é jovem e flor de bonita,
encantadora que me dita
por onde é que eu andava
porque então demorava
de aparecer na sua vida;
o destino tem sua partida
em cada passo alinhado
hoje, estou ao seu lado
numa união sem despedida. 

Outro dia, meu cumpadre,
na água, dei um mergulhão,
de pronto, senti um fisgão
na pele desse guri,
era um baita de um siri
agarrado em minha carne,
fiz gritedo, fiz alarme:
“- socorro, minha gente,
o bicho é forte e valente
quer destruir o meu charme. 

Ainda bem que a prenda
conhece bem dessa arte,
de pronto, fez sua parte
na sua nobre missão,
doutora na profissão,
cirurgiã decidida,
acolheu-me com guarida
cuidando deste vivente,
sou seu amor e paciente
na orla da sua vida. 

Cumpadre, ando faceiro
que nem guri por brincar,
ela anda a bronzear
a minha branca pelagem,
cuidando da minha imagem
com massagem e cafuné
faz minhas mãos e meus pés
tal qual eu fosse um modelo,
perfuma até meus cabelos
por amor à mesma fé. 

Estão vendo aquele rancho
de branco vivo na cor?
Ele é nosso ninho de amor.
Quando a água esta gelada,
brincamos na madrugada
pela casa e pelos matos
na liberdade dos fatos
que a natureza oferece
nem nosso corpo envelhece
no visual do retrato. 

Vem pra cá, cumpadre Erdo,
garanto que vais gostar,
há lugar para churrasquear
sombra fresca e água da boa;
trás junto, também, tua patroa
fica assim ao teu critério,
te esperamos sem mistério
na porteira lá da entrada,
com uma cerveja gelada
e um abraço gaudério.