APESAR DA TELA

Quando parecia morta

quando parecia não haver mais nada

quando todos, de olhos presos, bem presos na tela brilhante, não viam mais nada

quando o pó e o vento e a estrada vazia

quando a própria monotonia

tomavam conta das coisas

quando o óbvio era a matéria do dizer

e do pensar dos homens

quando tudo isso já era certo e inteiro

como decreto e lei e ordem e norma

dedo indicador, palavra cadeado, silêncio...

a poesia

esgueirando entre escadas e guetos,

serpenteando entre pescoços e sussurros,

mostra vida apesar da tela...

CAMPISTA CABRAL
Enviado por CAMPISTA CABRAL em 18/07/2017
Código do texto: T6058116
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