PEDRA BRUTA
A vida
tem que ser explicada,
decifrada , lavada, alvejada ,
até não dizer mais nada?
O mistério,
O desvio,
A falta de rotas claras,
O urro na treva , o grito!
A luz que assombra na sombra,
O calor que rejeita o frio,
E a presença macia,
Provocando o atrito.
Quero fechar os olhos
e assistir no escuro
O brilho das trevas fechadas,
abertas ao desespero.
De joelhos, em pedra bruta,
o vislumbrar de nesgas
de luz à toa, bobagem,
a indicar a passagem.
Assim acordar alheia,
A toda ânsia de busca,
conformando os pés na estrada
Aos buracos da certeza.
Passando por um portão e outro,
quem quiser que fique rouco,
Ou pouco,
ou que tenha ouvido mouco,
Ou então que fique louco!