PARA NÃO OUVIR
'Devo me amar' diz a voz comum,
mas o transtorno da verdade
diz-me que o outro
dita que a luz não brilha nem paira.
Assombrada, ante a algema do outro,
não me quero olhando
o deserto que criam as palavras
brancas do eterno outro que,
sendo o resto do pouco,
Conforma o inferno, esse outro!
Desdobro a voz e crio a lavra.
Mundo, de regras finas, meninas.
Mundo em que me vejo livre de ser.
E, dando as costas,
Brinco de ciranda
Com as vozes impertinentes da alma,
E a calma se permite,
E nada atrapalha
Quando pouca me vejo sem limite.