Sinfonia
Suave cantiga do vento,
por tanto assim escutar-te,
outras cantigas invento
e cismo que elas são arte...
Não tenho contentamento,
cantando assim sozinho
as minhas mudas canções,
martelando no cimento,
qual num concerto mesquinho
cercado por mil solidões...
Suave és tu, melodia!
Ajuda-me a cantar-me,
não te peço a escutar-me,
pois que tal nem poderia,
rogo-te só emprestar-me
a tua voz luzidia...
E se acaso não puderes
atender ao meu apelo,
socorre-me, o’ doce brisa,
carrega as cantigas minhas,
leva-as à ventania,
peça a ela que consuma
com todas num vendaval...
E seja como quiseres,
não olvidarei o zelo
de minha mor poetisa,
pois tu, sinfonia, alinhas
tristeza e alegria,
e em paz minh’alma ruma
ouvindo o teu festival...
abri/2017