Tem dias que estamos sem norte, sem rumo,
Parecemos aquela tartaruguinha, a derradeira,
De uma grande ninhada, que fica por último,
Arrastando-se na areia, suas frágeis nadadeiras.
Mas, que o olhar está para o mar, bem adiante,
Mesmo não sabendo a distância que os separa,
Vai carregando o corpo, paciente, lenta, constante,
Mergulhada em um sonho, fiel, que nunca para.
Que a move para um futuro real, equidistante,
Traçado por um destino, que a morte a espera,
Em algum tempo, nesse percurso, inconstante,
Mas, certa, no passar do tempo, da primavera.
Que a natureza, fonte nua do criador, reserva,
E como num descarte, essa morte cruel a leva,
Ficando a essência de um espírito, leve, imortal,
Que depois se vai, sem deixar vestígio do portal.
Esses dias são cruéis, temos essa consciência,
Não somos como a tartaruguinha, inocente,
Pois, temos a dimensão, da vida, dessa ciência,
Que nos faz diferente dos animais, somos gente.
E por isso temos que fugir dos dias negros,
Das angustias, da dor, que corroí nossa alma,
Que estão inseridos, guardados em segredos,
Pela a natureza, fonte do criador, como arma.