Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera
Toma um fósforo, acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga.
Escarra nessa boca de que beija!
Augusto do Anjos
Abre, Corta e Começa a Devorar
Estendem-te a mão, que mão!
Ah, já sei! Aquela que te tira de um buraco
Imundo para te jogar num mais fundo.
A mão estendida é uma mão atrevida.
És um pacote à espera da tesoura escondida
nas mangas do capote.
Abre, corta devagar, fica aí trinta anos a cortar.
Satisfaz o teu sadismo.
O teu instinto assassino.
Abre, corta devagar e começa a devorar.
Lita Moniz
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera
Toma um fósforo, acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga.
Escarra nessa boca de que beija!
Augusto do Anjos
Abre, Corta e Começa a Devorar
Estendem-te a mão, que mão!
Ah, já sei! Aquela que te tira de um buraco
Imundo para te jogar num mais fundo.
A mão estendida é uma mão atrevida.
És um pacote à espera da tesoura escondida
nas mangas do capote.
Abre, corta devagar, fica aí trinta anos a cortar.
Satisfaz o teu sadismo.
O teu instinto assassino.
Abre, corta devagar e começa a devorar.
Lita Moniz