Cecília Meireles – Poemas
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Por Um Triz Por um triz, não fui feliz
Por um triz deixei escapar
a vida que sempre quis.
Por um triz não fugi da
agonia, que em sonhos já via.
Por um triz o que podia
fazer por mim não fiz.
Esperei tanto uma porta
aberta numa parede sem
porta.
E de repente, sem esperar,
sem procurar, veio até mim
tudo que sonhei que desejei.
E era tão lindo, tão claro
tão nobre. Uma alma pura
cheia de sonhos, de vida
Tinha o sabor da riqueza
interior.
Que vida apetecida aquela
alma querida queria me dar
E por um triz, não amei, não vivi
não fui feliz.
Lita Moniz
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Por Um Triz Por um triz, não fui feliz
Por um triz deixei escapar
a vida que sempre quis.
Por um triz não fugi da
agonia, que em sonhos já via.
Por um triz o que podia
fazer por mim não fiz.
Esperei tanto uma porta
aberta numa parede sem
porta.
E de repente, sem esperar,
sem procurar, veio até mim
tudo que sonhei que desejei.
E era tão lindo, tão claro
tão nobre. Uma alma pura
cheia de sonhos, de vida
Tinha o sabor da riqueza
interior.
Que vida apetecida aquela
alma querida queria me dar
E por um triz, não amei, não vivi
não fui feliz.
Lita Moniz