LUA E OUTONO
Há por aí uma lua solta no céu!
É tão redonda e alva, tão bela e cara,
Que me envergonho de olhá-la!
Fecho os olhos e, sorvendo o ar escuro,
Sinto o gosto do mel!
Escorre quente na garganta
que reage e canta!
Não há mar por aqui,
Mas a maré sobe benta,
Envolvendo a lua em pimenta!
Contradições de um outono
sem frutos...
O som arde em aragem bruta.
E o absurdo da hora
Desenha na tela,
Tão simples e absoluta,
O uivo dizendo mais
Que a voz dos ancestrais!