TUDO
TUDO
Nada me ouve
Nada me vê.
O ar da noite clara
apaga nas estrelas
o brilho qualquer.
Reina a lua meio inteira,
Imprimindo dor na alma vária.
Na margem do rio: brilho!
No meio da mata: falta!
No correr da cidade: maldade!
Quero carnaval , sem bem, sem mal!
Quero a primeira vez depois de toda vez!
Que minha alegria cante a cada dia
O novo, o lobo, o corvo:
Da natureza a mão aberta
Ao direito de crescer.
E depois de todos os nós,
Tenhamos nós a voz clara,
A bondade da seara,
O ardor do descobrir,
A cruz plantada sobre o proibir!
E que minha voz
pequena, surda, quase nada
Corra em rio perene,
Escrevendo o alvorecer,
Desmentindo cada golpe
Para dizer:
Vale o feito na força da verdade,
No respeito do viver!
No justo para cada vida,
Assim, medido no igual de ser!