TUDO

TUDO

Nada me ouve

Nada me vê.

O ar da noite clara

apaga nas estrelas

o brilho qualquer.

Reina a lua meio inteira,

Imprimindo dor na alma vária.

Na margem do rio: brilho!

No meio da mata: falta!

No correr da cidade: maldade!

Quero carnaval , sem bem, sem mal!

Quero a primeira vez depois de toda vez!

Que minha alegria cante a cada dia

O novo, o lobo, o corvo:

Da natureza a mão aberta

Ao direito de crescer.

E depois de todos os nós,

Tenhamos nós a voz clara,

A bondade da seara,

O ardor do descobrir,

A cruz plantada sobre o proibir!

E que minha voz

pequena, surda, quase nada

Corra em rio perene,

Escrevendo o alvorecer,

Desmentindo cada golpe

Para dizer:

Vale o feito na força da verdade,

No respeito do viver!

No justo para cada vida,

Assim, medido no igual de ser!

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 03/05/2017
Reeditado em 18/05/2017
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