DOIS TEMPOS
Guardo, recolho no colo,
O amargo restrito deste campo nulo:
Tristezas, esperanças, infância,
Grãos inseminados de verdades: futuro.
E caminho pela rua, nua,
Godiva reveladora da colheita,
Assim simples, natural, lavada,
Conduzindo a vergonha imaginada.
Tempos sem tempo
Poeira e lucidez.
Na coberta da rua deserta,
A norma culta de uma outra vez.
Assim que quero,
Desisto e desespero,
Desentoo o canto livre, tão de asas,
Acolho o bruto, o desenhado, definido.
Estarei aqui comigo ou contigo?