DOIS TEMPOS

Guardo, recolho no colo,

O amargo restrito deste campo nulo:

Tristezas, esperanças, infância,

Grãos inseminados de verdades: futuro.

E caminho pela rua, nua,

Godiva reveladora da colheita,

Assim simples, natural, lavada,

Conduzindo a vergonha imaginada.

Tempos sem tempo

Poeira e lucidez.

Na coberta da rua deserta,

A norma culta de uma outra vez.

Assim que quero,

Desisto e desespero,

Desentoo o canto livre, tão de asas,

Acolho o bruto, o desenhado, definido.

Estarei aqui comigo ou contigo?

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 18/04/2017
Reeditado em 19/12/2017
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