Poço de Cima, Poço de Baixo, Poço Redondo

Poço de Cima, Poço de Baixo, Poço Redondo

Não sou de outro mundo não

sou de Poço Redondo e de coração

minha forte raiz vingou neste chão

um mandacaru em sua floração

vim lá da beirada do rio curral

me embrenhei na mata feito animal

e no Poço de Cima no barro e varal

fiz nascer um povo de fé sem igual

mais tarde a fazenda no Poço de Baixo

a cria e o rebanho ao redor do riacho

a vida vivida na lenha e no tacho

a passarinhada esvoaçando penacho

o tempo passou e fui rumando a pé

tangendo o bicho ao Riacho Jacaré

ao poço redondo que não era o que é

mas uma cacimba de sal no rodapé

a seca medonha afligindo o sertão

foi tornando o riacho a única opção

pra matar a sede de toda criação

e lavar a roupa do suor e da aflição

Riacho Jacaré e seu poço redondo

um nome que foi logo se impondo

por todo o sertão o nome se expondo

na povoação a crescer predispondo

surgiu Poço Redondo em povoação

com sua capela e casa de oração

lugar preferido do Capitão Lampião

e até do Conselheiro na sua missão

um dia desgarrou e virou cidade

de Porto da Folha sequer a saudade

nas mãos de seus filhos a realidade

para florescer e crescer de verdade

teve praça florida e festa arretada

e um povo contente na sua jornada

mas quis o destino na sua empreitada

que todo o progresso ficasse na estrada

d’agora em diante a esperança em Deus

que ouça as preces de todos filhos teus

que todo sofrimento vá acenando adeus

e surja um novo tempo de mil apogeus.

Rangel Alves da Costa

blograngel-sertao.blogspot.com