Autopsiquicoafogamento

As sombras se depoem ao canto,

Mostram um ar cansado como quem quer conversar,

Mas também quer ficar calado...

Ninguém sabe o que se passar neste momento,

Chove dentro de casa e o sol arde lá fora...

Meus meninos se perderam,

Uns pelas matas,

Outros nas águas desse rio caudaloso,

Outros se embrenharem poeira a dentro,

E muitos estão mortos, enterrados amadoramente,

Uma cruz de galho,

Um monte de silêncio formando barriga no chão...

A maioria porem não se resolveu,

Nem ficam, nem vão...

Nem diálogo, nem silêncio,

Um gelofogo que se acende quando se apaga,

As palavras engolidas querendo voltar a boca,

Mas do vômito faz-se o alimento,

E o silêncio de aço e chumbo se evapora nas temperaturas da alma...

E dessas saudades, e desses lutos, e dessas presenças volumosas

É que se forma a luz que me guia no escuro de meu ser que apalpa o extremo vazio me inunda...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 13/02/2017
Reeditado em 27/12/2022
Código do texto: T5911229
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