QUESTÕES
A pergunta que pinta a paisagem
Descreve curvas largas, eixos raros
e, nos desvios das mãos em dia claro,
Há música impertinente aos meus ouvidos.
Com diamantes o céu reduz a luz,
Querela entre o que é e o que está,
O escuro se alonga em preguiça,
E aos olhos encanta e seduz.
O que cantaria em mim sem os sonhos que não tenho?
O que brilharia em mim sem os dias em que não amo?
O que se moveria em mim sem os dias em que não venho?
O que pulsaria em mim sem os dias em que não chamo?
Doçura, amargor e azedume,
substituem o salgado desses dias
Reduzo as folhas, os frutos e as águas
E naufrago em rasas calmarias.
E, enquanto os deuses decidem sabores e cores,
Pressinto o dia em que me destruirias ou encantarias!