COITA
Quando acorda, uma brisa mole a abraça e
Diz: "Vem, Maria, limpa os pés na grama molhada
Pois acabou de chover.
E podes provar do solo, menina,
que o dia diz que ainda vale a pena,
Embora a alma respire estreita e pequena.
Tua missão é apagar as fronteiras,
Por isso deixa as mágoas nas covas fundas de teu repouso
E canta com a voz mais clara criada em teu leito.
Canta um blue, fala da dor sem fim de grades luzentes,
Sussurra lemas e dilemas que sabes de cor ,
Curtidos na rotina áspera de limpar, tecer e morrer.
Depois de tanto ensinar,
se ficaste sem voz, recupera uma crença,
Outros hão de tê-la em mãos por momentos,
mas depois tudo perecerá!
E o orbe das galáxias
Descreverá a alegria do encontro definitivo
e pontual.
Ditadas as regras do dia,
a brisa mole se recolhe,
E, enrodilhada, sussurando um silvo guardado,
Some.
Maria volta para o leito,
Da coita, carinhoso jeito.