COITA

Quando acorda, uma brisa mole a abraça e

Diz: "Vem, Maria, limpa os pés na grama molhada

Pois acabou de chover.

E podes provar do solo, menina,

que o dia diz que ainda vale a pena,

Embora a alma respire estreita e pequena.

Tua missão é apagar as fronteiras,

Por isso deixa as mágoas nas covas fundas de teu repouso

E canta com a voz mais clara criada em teu leito.

Canta um blue, fala da dor sem fim de grades luzentes,

Sussurra lemas e dilemas que sabes de cor ,

Curtidos na rotina áspera de limpar, tecer e morrer.

Depois de tanto ensinar,

se ficaste sem voz, recupera uma crença,

Outros hão de tê-la em mãos por momentos,

mas depois tudo perecerá!

E o orbe das galáxias

Descreverá a alegria do encontro definitivo

e pontual.

Ditadas as regras do dia,

a brisa mole se recolhe,

E, enrodilhada, sussurando um silvo guardado,

Some.

Maria volta para o leito,

Da coita, carinhoso jeito.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 22/01/2017
Reeditado em 23/07/2021
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