ADEUS, POESIA!

Quando a Poesia abandonou o poeta,

Ele teve medo de ficar

entre as palavras que querem dizer

o que querem dizer:

Medo de dura vingança

por ter aberto nelas portas e janelas , inchando-as

de cores, sons, cheiros, sabores e em cada delas

amor e dores.

Mas...

Adoentara-as de tal forma que lhe fecharam os olhos,

acalentaram-no até um sono profundo e...

morreram com ele.

Sepultados na mesma terra,

sentem os insetos

perfurando túneis,

colocando estacas,

nutrindo o barro feito de sua massa.

Que planta venenosa cravará em tal húmus

as raízes retorcidas como unhas?

De longe, os olhos da Poesia brilharão,

medindo a distância

de seus pés até aquela carne

pulverizada.

E, cai em plegia

ao ver a dança do fogo-fátuo

desenhando no ar bocas

ridentes

cantando outra poesia.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 10/01/2017
Reeditado em 30/04/2017
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