ADEUS, POESIA!
Quando a Poesia abandonou o poeta,
Ele teve medo de ficar
entre as palavras que querem dizer
o que querem dizer:
Medo de dura vingança
por ter aberto nelas portas e janelas , inchando-as
de cores, sons, cheiros, sabores e em cada delas
amor e dores.
Mas...
Adoentara-as de tal forma que lhe fecharam os olhos,
acalentaram-no até um sono profundo e...
morreram com ele.
Sepultados na mesma terra,
sentem os insetos
perfurando túneis,
colocando estacas,
nutrindo o barro feito de sua massa.
Que planta venenosa cravará em tal húmus
as raízes retorcidas como unhas?
De longe, os olhos da Poesia brilharão,
medindo a distância
de seus pés até aquela carne
pulverizada.
E, cai em plegia
ao ver a dança do fogo-fátuo
desenhando no ar bocas
ridentes
cantando outra poesia.