FELIZ ANO VELHO
Os primeiros roncos
dos motores de segunda-feira
se fazem ouvir
Finalmente o ano começa
após o longuíssimo feriado
que mergulhou o mundo em tédio
Para melhor adaptação
a mais esse janeiro
me levanto cedo
Não há nessa madrugada
nada diferente das antigas
a não ser uma certa estranheza
Penso em você
e não mais te vejo
apesar de dormir quase ao meu lado
Inútil tatear na cama
à tua procura
sei que te ausentarás com o sol
Também a esperança
é uma ilusão ambígua
em tudo contrária aos meus anseios
Ao primeiro gole de café
desperto como alguém de ressaca
a bebida forte tem gosto de imposto
Passado o carnaval
me espera o leão
para me devorar em dolorosas parcelas
Embarco na rodoviária em fuga
apesar de saber que o ônibus reluzente
finda a viagem me devolverá ao mesmo lugar. . .
- por Hans Gustav Gaus, heterônimo de JL Semeador de Poesias, na madrugada de 04/01/2016 -