DE MIM
O que esperava encontrar de mim?
A rubra cor na mesma velha estampa?!
O vinho fresco que deixou sem tampa?!
Como que eu fosse a fênix mais cenha...
Não sou sequer o tino duma brenha
Onde tua caça não chegou ao fim!
O que esperava encontrar de mim?
Esmalte lustro duma ossatura?!
Face de anjo pleno de candura?!
Como que eu fosse um monumento a ouro...
Nem que uma onça me emprestasse o couro
Eu duraria tanto tempo assim!
O que esperava encontrar de mim
Que eu não sou, depois de tantos anos?
Onde que estive dentro de teus planos
Que me deixar foi a melhor saída?
Onde eu estive dentro de tua vida
Que teu desdém custou-me quase um rim?!
Não sou o mesmo que deixou, enfim,
Posto à tua espera em vendavais de anos,
A alimentar inválidos enganos...
Não sou aquele a quem deixou na porta!
E já depois de ter minh'alma morta
O que esperava encontrar de mim?