MEDO DO ADEUS

Não te arranques de mim; será feito extração

dos meus dentes, os cílios, até meu tendão,

minhas unhas, os olhos, pentelho a pentelho,

e tirar o narciso da frente do espelho...

Se te arrancas de mim, perderei a noção

da verdade, o caminho, qualquer direção,

será como assaltar meu juízo já pouco,

me levando à loucura sem deixar ser louco...

Eu te peço, não partas, não me partas tanto,

que serei feito céu que não tem nem um santo,

um inferno vazio, sem fogo e demônio...

Meu apelo é de corpo, de alma e neurônios,

não te arranques de mim; vai doer no meu chão,

feito braço amputado pelo tubarão...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 19/11/2016
Reeditado em 19/11/2016
Código do texto: T5828312
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