ÅGUA CLARA

Na rua larga, os rumores, mas...os silêncios,

sob cores, passos em vala e encontros,

nuvens amenas,e serenas vagas brancas

E todo o rigor do que era ser criança!

Sentada na nuvem rarefeita da calçada,

Maria busca a prata e o ouro da verdade,

Do contar com que lhe encheram os ouvidos,

Da palma seca a acalmar a tempestade!

Infantil ainda, no laço alvo da tiara,

Deita e sonha, confiante em mãos inteiras,

Quer o copo transbordante de água clara!

Quer certa a tela reluzente da seara.

Mas o que lhe resta?

Veneno, na água inocente do rio,

Música de outrora soando velha,

Para os ouvidos da lembrança!

Braços fracos e nulos trêmulos de frio.

Sabores anêmicos para a língua mansa,

Acostumada a mesclas discursivas,

Surda, cega para a ativa bomba

Que ribomba a respirar na hora manca.

Músicas, aromas, sabores e imagens!

A água fria para o choque tátil,

E o agora atento à miragem,

O pranto fácil, o reclamo ágil,

Acolhendo o abraço da passagem.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 11/11/2016
Reeditado em 17/09/2018
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