ÅGUA CLARA
Na rua larga, os rumores, mas...os silêncios,
sob cores, passos em vala e encontros,
nuvens amenas,e serenas vagas brancas
E todo o rigor do que era ser criança!
Sentada na nuvem rarefeita da calçada,
Maria busca a prata e o ouro da verdade,
Do contar com que lhe encheram os ouvidos,
Da palma seca a acalmar a tempestade!
Infantil ainda, no laço alvo da tiara,
Deita e sonha, confiante em mãos inteiras,
Quer o copo transbordante de água clara!
Quer certa a tela reluzente da seara.
Mas o que lhe resta?
Veneno, na água inocente do rio,
Música de outrora soando velha,
Para os ouvidos da lembrança!
Braços fracos e nulos trêmulos de frio.
Sabores anêmicos para a língua mansa,
Acostumada a mesclas discursivas,
Surda, cega para a ativa bomba
Que ribomba a respirar na hora manca.
Músicas, aromas, sabores e imagens!
A água fria para o choque tátil,
E o agora atento à miragem,
O pranto fácil, o reclamo ágil,
Acolhendo o abraço da passagem.