VERDE
Crível, a manhã acorda em brilho farto,
na flor, no rio, no ar e no calor.
O tempo se detém sem não estragar, nem renovar.
Instante fixado pela pose no retrato.
Braços abertos para o aroma verde!
Olhos pulsantes para a sombra viva!
Ouvidos para os sonoros arrepios do dia!
Inalantes calores nas ondas em sintonia!
Mas o que sentir quando a alma cala?
O que dizer quando a boca fecha?
O corpo arde , rejeitando a fala,
Os pés se cruzam recusando a deixa.
Mas, se brilha a luz matinal deixando o mal,
Se cora a relva verde matando qualquer sede,
O bicho torto se contorce, inscrito na parede,
Pedindo, esmolando o suspiro do final.