VERDE

Crível, a manhã acorda em brilho farto,

na flor, no rio, no ar e no calor.

O tempo se detém sem não estragar, nem renovar.

Instante fixado pela pose no retrato.

Braços abertos para o aroma verde!

Olhos pulsantes para a sombra viva!

Ouvidos para os sonoros arrepios do dia!

Inalantes calores nas ondas em sintonia!

Mas o que sentir quando a alma cala?

O que dizer quando a boca fecha?

O corpo arde , rejeitando a fala,

Os pés se cruzam recusando a deixa.

Mas, se brilha a luz matinal deixando o mal,

Se cora a relva verde matando qualquer sede,

O bicho torto se contorce, inscrito na parede,

Pedindo, esmolando o suspiro do final.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 07/10/2016
Reeditado em 08/11/2016
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