SEM CANTAR

A essa dúvida não abrirei meu peito!

Que o dia me extenue em seus entornos...

Que a primavera inunde, com suas larvas, o meu ar,

Que o vento quente instigue meus temores!

Matem-me as quantas vezes a cada hora,

Iluminem minha chaga escandalosa,

Não lerei a mentirosa palavra estampada e rosa

Tentando convencer-me de que o céu se presta

Em cada flor e fim da tarde de meus sonhos.

Que cresça o inquirir,

Que o suspiro pontuado

De interrogações e exclamações desesperadas

cerque o atos fúteis e perdulários,

Massacrantes das belezas porosas e frágeis,

Anêmicas e duras.

A história repetida, reduzida a sempres ,

Caia sobre as vontades, criando redutos sedutores.

Lá estarei à espera de uma noite,

Com odores prismados e reluzentes,

Para que sempre em cada lugar e tanto

As mentiras luminosas da arte da palavra

Perfaçam meu destino um pouco adiante.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 29/09/2016
Reeditado em 30/09/2016
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