SEM CANTAR
A essa dúvida não abrirei meu peito!
Que o dia me extenue em seus entornos...
Que a primavera inunde, com suas larvas, o meu ar,
Que o vento quente instigue meus temores!
Matem-me as quantas vezes a cada hora,
Iluminem minha chaga escandalosa,
Não lerei a mentirosa palavra estampada e rosa
Tentando convencer-me de que o céu se presta
Em cada flor e fim da tarde de meus sonhos.
Que cresça o inquirir,
Que o suspiro pontuado
De interrogações e exclamações desesperadas
cerque o atos fúteis e perdulários,
Massacrantes das belezas porosas e frágeis,
Anêmicas e duras.
A história repetida, reduzida a sempres ,
Caia sobre as vontades, criando redutos sedutores.
Lá estarei à espera de uma noite,
Com odores prismados e reluzentes,
Para que sempre em cada lugar e tanto
As mentiras luminosas da arte da palavra
Perfaçam meu destino um pouco adiante.