SOLIDÃO
Sou a verdade que se encontra a sua porta
E que te encontra solitário em seu pesar
Com as mãos cismadas e o semblante cabisbaixo
Revolve as penas de um passado já distante.
De quando jovem e o mundo colorido
Ouvia as vozes tão felizes a brincar
Sentia o cheiro doce novo e verdejante
Dos jovens tempos em que estavas a viver.
Eras tão moço e de nada então sabias
Mas te supunhas entender mais do que tudo
Vivias rindo em bailes cheios e ruidosos
Envolto em músicas abraços e perfumes.
Foste o extremo do que então podia ser
E nunca então te preocupaste com o porvir
Agora vives sob o peso de seus dias
Em que se sentem os vícios e as noites mal dormidas
Sois hoje velho e já não podes sentir mais
A vida alegre e tão feliz como então.
Não houve uma a quem tivesse tu amado
E já não há mais quem lamente a tua ausência.
Volta os teus olhos e vê o mundo ao seu redor
Sois hoje a sombra do que um dia já se foi.