CONTINUAR
Nem sempre o dia amanhece,
há longos períodos de penumbra e indefinição nas estações da alma...
A gente anda sem notar os próprios passos,
e o pensamento pode varar longes e longes...
As feridas dos ataques e das quedas pelo caminho vão sangrando com a gente,
Pingando gota em gota sangues que caindo e batendo no chão
são muitas vezes a cantilena que nos liga as estrelas e aos abismos...
O cachorro nos acompanha por una dias,
Noutras épocas , de sombras mais densas,
panteras, lobos e morcegos nos espiam de cantos escuros...
Mas os pés de veias estufadas e dedos espremidos fazem sua parte,
E não há tempo que passe sem que não passemos também...
Cada tic-tac que sai da máquina do mundo nos encontra um pouco mais à frente...
Mesmo que mais que desacreditados,
Mesmo com os olhos pesados dessa areia quente,
E mesmo que um por do sol se tenha feito em nossa alma,
Eis-nos aqui, aqui onde jamais pensaram que chegaríamos,
No tempo presente,
paridos pelo passado, com todo o futuro a nossa frente...