INDIFERENÇA

Um bocejo para a noite escura e morna...

Ela acorda para viver uma pausa.

Arranca as raízes neutras

e sustenta em si a nota morta.

Conta e repõe os pontos de luz

que pintam a parede.

Aninha no silêncio os suspiros recortados.

E ri, e chora

e suspende a hora desalinhada

que perfura a respiração pontuada.

Não quer, não vai,

não sabe, não deve.

A noite, mãos abertas para o dia que há de vir,

nada entre pedras.

Os musgos crescem indiferentes e fáceis.

Quem mudará a cor do quadro?

As cores se mesclarão em rios crus.

É preciso dormir para acordar.

As unhas crescem indomáveis.

Canta hinos o inimigo.

Ela pronuncia a suave melodia da dor.

Dessas dores que se perdem entre todos,

Nos toques das correntes de água fria.

Vai, Maria, guarda a pele ampla

do toque do sol, do ar, da mão áspera,

da espera agônica do feliz gosto parco.

Retorna, renasce para o que não se vê

nem promete.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 11/08/2016
Reeditado em 30/08/2016
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