HÁ SENTIDO
Não sei se tenho razão,
nem ouvido, nem palavra,
só apanho no ar leve
os sonhos da madrugada.
São rabiscos, luzes mornas,
doces cantos e fantasmas,
navegando pelas águas
de meus respiros nas vagas.
Sei que onde, quando ou nada
farão desenhos em meu dia,
farão o canto de sereia
parecer o doce aroma
da vida surda e calada.
Tecerei o longo manto
que aquecerá raízes fortes
e abrigará meus nus braços
do vento que da noite
tece o corte da luz do dia,
acendendo as estrelas
que ofereceram a poeira
para formar meu ser
atônito, impreciso, indefinido
que acredita que tudo
precisa ser reescrito.