HÁ SENTIDO

Não sei se tenho razão,

nem ouvido, nem palavra,

só apanho no ar leve

os sonhos da madrugada.

São rabiscos, luzes mornas,

doces cantos e fantasmas,

navegando pelas águas

de meus respiros nas vagas.

Sei que onde, quando ou nada

farão desenhos em meu dia,

farão o canto de sereia

parecer o doce aroma

da vida surda e calada.

Tecerei o longo manto

que aquecerá raízes fortes

e abrigará meus nus braços

do vento que da noite

tece o corte da luz do dia,

acendendo as estrelas

que ofereceram a poeira

para formar meu ser

atônito, impreciso, indefinido

que acredita que tudo

precisa ser reescrito.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 22/07/2016
Reeditado em 16/09/2016
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