LUMINOL

Pois é que, de rezar,

as venturas vão minguando...

Eram tanto naturais,

como coroas enfeitadas

de lírios macios e iguais.

E agora são tal planta

com espinhos e flores frágeis

em que quase não se sabe

se é água ou se areia

escorrendo a medir o tempo

que, na cor de cada pétala,

imprime seu sangue grudento!

Que seca, que é lavado e execrado,

um nada ali presente,

entre as dobras do passado.

Baixa a noite e seu escuro

aponta o crime boiando

por asa de vagalumes,

Que vão compondo suaves

Nova coroa de luzes.

Se crime, se bênção,

Esse sangue derramado

Em ato luminescente

Borda em brilho

Risos, mágoas:

Uma estória mal contada,

Por luminol revelada.

Palmas, albores,

Sorte, morte,

Qualquer mera coisa cosida

à vida por sangue (manchada) nutrida.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 14/07/2016
Reeditado em 20/11/2020
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