LUMINOL
Pois é que, de rezar,
as venturas vão minguando...
Eram tanto naturais,
como coroas enfeitadas
de lírios macios e iguais.
E agora são tal planta
com espinhos e flores frágeis
em que quase não se sabe
se é água ou se areia
escorrendo a medir o tempo
que, na cor de cada pétala,
imprime seu sangue grudento!
Que seca, que é lavado e execrado,
um nada ali presente,
entre as dobras do passado.
Baixa a noite e seu escuro
aponta o crime boiando
por asa de vagalumes,
Que vão compondo suaves
Nova coroa de luzes.
Se crime, se bênção,
Esse sangue derramado
Em ato luminescente
Borda em brilho
Risos, mágoas:
Uma estória mal contada,
Por luminol revelada.
Palmas, albores,
Sorte, morte,
Qualquer mera coisa cosida
à vida por sangue (manchada) nutrida.