DISSOLUÇÃO

DISSOLUÇÃO

Não me leve muito a sério,

mas as palavras vestem meu corpo.

Vão escorrendo por meus braços,

Por meu peito e por meu ventre,

enrolando-se em minhas pernas.

E por onde vou passando,

vão pingando em grossas gotas

de óleo viscoso, essencial...

Quando pousam em meu pescoço

deixam marcas invisíveis

de seus dedos transparentes.

Talvez um dia me estrangulem,

e, depois, brotem em cores

que apenas sussurem

lamentos em meus ouvidos

moucos, roucos, pouco

afeitos a afeições.

E morrerei de palavras,

sem sons, sem letras,

sem significados ou significantes,

diretas do denso silêncio,

ninho e antro de meu

pensamento.

Ou de meu sentimento?

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 07/07/2016
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