DISSOLUÇÃO
DISSOLUÇÃO
Não me leve muito a sério,
mas as palavras vestem meu corpo.
Vão escorrendo por meus braços,
Por meu peito e por meu ventre,
enrolando-se em minhas pernas.
E por onde vou passando,
vão pingando em grossas gotas
de óleo viscoso, essencial...
Quando pousam em meu pescoço
deixam marcas invisíveis
de seus dedos transparentes.
Talvez um dia me estrangulem,
e, depois, brotem em cores
que apenas sussurem
lamentos em meus ouvidos
moucos, roucos, pouco
afeitos a afeições.
E morrerei de palavras,
sem sons, sem letras,
sem significados ou significantes,
diretas do denso silêncio,
ninho e antro de meu
pensamento.
Ou de meu sentimento?