INVENÇÃO
O amor tem às vezes mão pesada,
Dá voltas no escolher o seu caminho,
Finge não ler lábios calados,
Tenta parecer indiferença,
Ou juiz duro nas sentenças.
Mas o amor ama, a cada dia,
A manhã, a tarde, a noite, a madrugada,
A esperança vaga em olhos limpos,
Abertos e que não veem quase nada.
Não quero o amor
E quero o amor.
Contradição!
É o que me vale
e o que me não vale,
o morno caldo
da abraçada aflição.
Não seja tolo,
Essa ferida é inventada,
Não há o amor,
Não há a dor.
No raso d'água,
flutua a espera verde,
falsa, sombra inventada.