Alguém Queria
Alguém queria que eu aprendesse
o que é morrer.
Sabia que eu sou fraca da cabeça e
mais dia, menos dia, me poria a contar
o segredo que devia guardar.
Por isso me fez passar por alguma
experiência  de morte certa.
A primeira me fez levitar e me puxava
para dentro de um sol que me veio buscar.
Era bom de se ali estar.
Só não fui porque olhava para o berço onde
estava o meu filho, tão pequenino,  a me chamar.
Depois houve outras que não era bem morrer.
Era eu mesma a matar a vida que me veio salvar.
Há outra morte que me parece ser a última,
a mais forte.
É quando a alma pega a centelha divina, o nosso
princípio vital e sai.
Aquela luz que eu vi lá atrás se funde com a luz
que a alma em suas mãos traz.
                     
                                              Lita Moniz