INUTILIDADE

Hoje não sinto nada.

A vida parada a um canto

silencia todo anseio.

A alegria segue mansa,

por isso parece pouca.

Lido só, em nada creio.

Para que insistir na poesia?

Por que revelar a emoção?

De onde vem o sentido

do resto de nossos dias?

Hoje não sinto nada?

Ou o que sinto é o nada?

Impotente indiferença

tece o som e o silêncio.

A folha do livro riscada,

o livro em rasgo de traça,

a palavra apagada.

Da boca e de minha alma,

o grito da falsa calma.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 22/06/2016
Reeditado em 17/12/2019
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