INUTILIDADE
Hoje não sinto nada.
A vida parada a um canto
silencia todo anseio.
A alegria segue mansa,
por isso parece pouca.
Lido só, em nada creio.
Para que insistir na poesia?
Por que revelar a emoção?
De onde vem o sentido
do resto de nossos dias?
Hoje não sinto nada?
Ou o que sinto é o nada?
Impotente indiferença
tece o som e o silêncio.
A folha do livro riscada,
o livro em rasgo de traça,
a palavra apagada.
Da boca e de minha alma,
o grito da falsa calma.