ÁRIA

Eu danço e canto, sem hora,

rompendo de cada cerco

o errado de minhas palavras.

A ária dói e ,alçada em ferida,

uiva entre bocas seladas.

Uma só voz, entre os silêncios forçados,

de rostos e lábios cerrados,

pesados, marcando,

escorrendo no tempo todo ilhado.

Mas não se ouvem os sons solitários,

ardendo em tons agudos,

que, não aceitando a surdez,

procuram uma nova vez.

Quero o ouvido absurdo

capaz de ouvir a beleza

e recriá-la mais, inteira,

neste instante

de absoluta clareza.

Para que amor floresça em penca

Como em casa que tem asas

Para planar sobre o mundo

revelando a diferença

Que há entre o tudo e o nada!?

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 20/06/2016
Reeditado em 22/06/2016
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