ÁRIA
Eu danço e canto, sem hora,
rompendo de cada cerco
o errado de minhas palavras.
A ária dói e ,alçada em ferida,
uiva entre bocas seladas.
Uma só voz, entre os silêncios forçados,
de rostos e lábios cerrados,
pesados, marcando,
escorrendo no tempo todo ilhado.
Mas não se ouvem os sons solitários,
ardendo em tons agudos,
que, não aceitando a surdez,
procuram uma nova vez.
Quero o ouvido absurdo
capaz de ouvir a beleza
e recriá-la mais, inteira,
neste instante
de absoluta clareza.
Para que amor floresça em penca
Como em casa que tem asas
Para planar sobre o mundo
revelando a diferença
Que há entre o tudo e o nada!?