Referência Fidedigna
Nunca fui cumplice de Prometeu
A luz que tive não clareia nem
a varanda,
Mas já ouvi o diálogo das paralelas,
No entanto, a convulsão me pegou
próximo do meio dia…
Agora aqui estou,
entre dimensões positivas
e negativas
A querer uma unidade
em que me apoie,
E hoje sei que
Descartes foi também poeta…
Tudo que fixo,
tempo passado,
o fixo transmudado
E o que vi
Não era mais que ilusão…
A que me apegar?
Que voz é fiel a ponto
de me guiar?
Que voz, que face, que olhar?
Porque aqui também
é um mundo de seres…
E eu não sei se os invento.
A razão é facilmente enganada,
Não há cálculo que me
sirva nessa escuridão…
E a escuridão é cheia de brilhos,
de caminhos,
de uns que passam,
que me olham,
que me chamam…
São bocas deslizantes
sobre a minha pele,
Vozes que ecoam por milhares de anos…
Entendo que aqui
há entre as minhas criações
outros que se passam
por elas,
E assim
Se aproximam de mim
E obtém o que querem…
Mas eu clamo por uma
referência fidedigna
que jamais traia a si
mesma,
Porque eu mesmo não
confio nas minnha conclusões,
E tudo que estabeleço
escorrega como
um sangue já sem vida…
Então? Que pode se me mostrar?…
Tu, oh Bela vaporosa das horas
aturdidas de minha alma
vencida?!
Oh, Querida de tantos loucos
e desacreditados, agora vejo
que a roupa que te veste
é imutável, apenas a costura
é uma para cada época
e cada um daqueles
que te fiaram, que se exararam em ti seus eus…
Pousai em minha mente
com a temperatura de
infinitos trilhões de sóis,
porque os meus dedos longos correm
não nos tristes que invento
mas nas cordas que
originam os eternos
versos de tua infinita canção…
Oh, poesia desnuda
em que vive minha
alma pequena,
te cantarei entre as noites que não chegam
entre os dias que não nascem
serei fiel ao propósito
de te alcançar,
mesmo que lentamente,
porque tenho para mim
que é nessa busca
que também
vou me
encontrar...