ESSE DIA
Quando nem quero,
a porta de ferro desce fria
e no rés do chão
desenha a linha fechada do medo do escuro.
Som frio, cortante, anunciando
o grampo inexplicável do fim do dia.
Quando nem quero,
a alegria soa como coisa fria
e, mentirosa ocupa
o tempo escuso, recluso,
nos meus quietos, fechados dias.
Quando nem quero,
o dizer se faz silêncio
à força da coisa louca
que desejam os poderes,
donos de tantos dizeres.
Quando nem quero,
a inexplicável névoa fria
cose pronta e destemida
em meus lábios proibidos
a nova lei desse dia.