ESSE DIA

Quando nem quero,

a porta de ferro desce fria

e no rés do chão

desenha a linha fechada do medo do escuro.

Som frio, cortante, anunciando

o grampo inexplicável do fim do dia.

Quando nem quero,

a alegria soa como coisa fria

e, mentirosa ocupa

o tempo escuso, recluso,

nos meus quietos, fechados dias.

Quando nem quero,

o dizer se faz silêncio

à força da coisa louca

que desejam os poderes,

donos de tantos dizeres.

Quando nem quero,

a inexplicável névoa fria

cose pronta e destemida

em meus lábios proibidos

a nova lei desse dia.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 17/05/2016
Reeditado em 17/05/2018
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