RIMA POBRE
Tão vassalo, tão senhor!
Tão súdito, tão rei!
Tão proletário, tão burguês!
Tào socialista, tão capitalista!
Os sentimentos votam e se revoltam
nas volutas clandestinas
que animam cada dia.
"Tudo é nada, ilusão..."
diz Menotti, digo eu,
enquanto a natureza
tão divina,
só conta com toda beleza
da violência
escandalosa
que faz nascer cada rosa.
Amor, dor, flor,
Calor, pavor, cor!
Rimas pobres,
consumidas
em verso louco
de valor pouco.
Mas santo o nome do simples
que descobre na planura
um rio longo
de doçura.
E que se dane a poesia
que não quiser ser soberana.
Pouco vale.
Então...
que se cale!