ENGANO

Qual parte de meu corpo é chuva clara?

Quando sou estertor no fim da tarde?

Quanto de tudo isso tem,

Que se imagine bom,

mas simples,sem risco de alarde?

Sonho que sonho e sonho tanto,

Que não vivi a vida que me deram.

Reescrevo meu prazer e alegria

Na tábua fria do colher do dia.

Na tarde larga, isenta de surpresas,

Prendo meu fardo de ternuras,

Mas, logo sei que de incertezas

Será tecida minha pior fartura.

Quero o deserto, o som do eco.

O zunir do inseto na cozinha.

Quero o sossego da agonia,

E estar só, ninguém ao lado

Restar sozinha

Miragem desértica,

Alma liberta

E corpo preparado.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 13/04/2016
Reeditado em 12/05/2016
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