TEMA n. 4
TEMA n. 4
A MORTE DE AMBOS
Solano Brum
Sacerdotisa, mas de coração ardente,
Hero, faz lume na torre de helesponto,
Para que Leandro, o amado e amante,
A nado, vença o estreito até o ponto.
Quem lhe tiraria da alma apaixonada
Tanto amor? Os encontros favorecidos
Na torre, só a deixava inconformada,
Quando a luz do dia o devolvia a Ábidos!
Certa vez, a fúria do mar e o vento forte,
Apagando o facho de luz vindo do norte,
Faz Leandro sucumbir na direção errada!
Pela manhã, já com a alma desatinada,
Ao ver que a vida lhe tirara o conforto,
Atira-se ao mar, junto ao amado morto!
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Na mitologia grega, tais amantes são lendários. Ela, Sacerdotisa de Afrodite e ele, vivendo na Cidade de Abidos, separado pelo estreito do Helesponto. Comenta-se que, ela acendia um facho de luz no alto da torre do castelo em que vivia, para que ele nadasse por tal clarão. Os dois amantes viviam esse grande amor, para eles, eloquentes, mas, que na verdade, ao amanhecer, ele a deixava, voltando, sempre a nado, a sua moradia.
Certa noite, enquanto atravessava o estreito, foi pego de surpresa por uma tempestade. O vento forte não deixou que a luz do facho, do outro lado, permanecesse acesa, e, consequentemente, os vagalhões o tragava a cada instante. A hercúlea luta foi por muito tempo. Cansado e à deriva, morreu afogado. Mas eis que o destino caprichoso fez o corpo ser levado diretamente pelas mãos de Poseidon, até o cais e lá permanecesse sobre as pedras. Ela, porém, que o esperara por toda à noite, ao amanhecer, abriu a única porta e avançou até a uma das várias ameias que guarneciam a torre, e, de lá do alto, viu o amado morto. A trágica cena a deixou transtornada. Lá estava seu amado... Lá, sobre as pedras, quem ela esperara por toda à noite, enquanto que ela, tentando em vão permanecer com a tocha acesa, em meios aos relâmpagos seguidos de trovões para que ele visse o facho. E seu olhar, descrente de tudo, desceu, velozmente até o inerte corpo, e, com ele, toda sua dor. Ao cair no mar, outra vez a mão de Poseidon unira os corpos para sempre. (N.A. Solano Brum). Luiz de Camões menciona assim o episódio: (“Seguia aquele fogo, que o guiava, Leandro, contra o mar e contra o vento”) , bem como Manuel du Bocage, em “A morte de Leandro e Hero”, cantada, como quem prepara antecipadamente algo por vir.