SEM SANGUE
Para guardar as mãos do frio,
Tricotei luvas negras
com encarnados corações.
Com elas tateei a nuvem que cobria
Seus olhos baços, seus lábios azuis,
Seu rosto, máscara isenta de emoçóes.
Então,
Guardando as digitais,
Mantive presas suas narinas,
O peito ondulou qual mar
Que ,sem sal,
aquietou-se sem ais.
Sem sujar as unhas,
Plantei na terra a carne cinza...
E abrigo agora a altiva árvore,
que não se dobra ao vento,
que perfuma a tarde morna,
que enfeita da rua a curva linha
Não sei se a felicidade é sua
ou minha.