SEM SANGUE

Para guardar as mãos do frio,

Tricotei luvas negras

com encarnados corações.

Com elas tateei a nuvem que cobria

Seus olhos baços, seus lábios azuis,

Seu rosto, máscara isenta de emoçóes.

Então,

Guardando as digitais,

Mantive presas suas narinas,

O peito ondulou qual mar

Que ,sem sal,

aquietou-se sem ais.

Sem sujar as unhas,

Plantei na terra a carne cinza...

E abrigo agora a altiva árvore,

que não se dobra ao vento,

que perfuma a tarde morna,

que enfeita da rua a curva linha

Não sei se a felicidade é sua

ou minha.

Helena Helena
Enviado por Helena Helena em 07/04/2016
Reeditado em 11/10/2017
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